sexta-feira

Pluriforme

Uma lágrima cristalina feita de grafite caiu sobre o papel.
Foi traçando um círculo em ondulações paralelas
Que se emaranhavam em suas encruzilhadas
A pedra se esculpia numa bela forma disforme
Que estrondava um silencioso murmúrio
Tal como um cântico de trovadores sem épicos
A grandiosidade dessa gota simplista,
Que já não é gota, mas mar.
É capaz de fazer o mais rude se entristecer
E o mais cruel gentil
Mas já não consegue fazer do gentil um severo
Pois já lhe escorreu pelos dedos, esfarelando-se pelo chão.
E a gota que fora,
Já não é mais a gota que é,
Nem a gota que será.
Mas molha o papel como um grafite duro
E lhe faz um furo
E o papel já não é mais papel,
Mas fruto do que aconteceu
Com o futuro.

D. Leocádio

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